O Bank of England (Banco Central da Inglaterra) decidiu nesta última quinta-feira elevar pela décima segunda vez consecutiva sua taxa básica de juros em 25 pontos-base, saindo de 4,25% para 4,50% ao ano.
A decisão do BoE seguiu a mesma linha de atuação observada na semana passada com outras autoridades monetárias relevantes para o mercado financeiro mundial, em especial FED e BCE. Ambos os banqueiros centrais também decidiram elevar suas respectivas taxas básicas de juros em 25 pontos-base.
Com a decisão desta última quinta-feira, a taxa básica de juros na Inglaterra alcança o nível mais elevado desde outubro de 2008, pouco antes de estourar a crise do subprime. Esta é a primeira arrancada de juros com força relevante desde o final da década de 1980.
Após mais de uma década de juros próximos de zero, o BoE agora luta com muitas dificuldades contra um cenário de inflação persistentemente elevada. A autoridade monetária britânica não adiantou possível pausa no processo de aperto monetário e fez questão de reafirmar sua disposição para novo aumento da taxa básica de juros se houver mais evidências de pressão inflacionária persistente.
Atualmente, a inflação acumulada nos últimos 12 meses está em 10,1%, extremamente acima da meta de 2% a ser perseguida pelo BoE. Os impactos nos preços de alimentos e energia, provocados em grande parte pela guerra na Ucrânia, estão dificultando ainda mais o trabalho da autoridade monetária.
Ao contrário do que se esperava, o nível de juros ainda não está provocando desaceleração econômica relevante ao ponto de entrar num quadro recessivo. O BoE elevou suas projeções para o PIB de 2023, de -0,50% para +0,25%. A expectativa para o PIB de 2024 também subiu de -0,25% para +0,75%. Para 2025, as projeções também melhoraram, saindo de +0,25% para +0,75%.
Revisões desta magnitude pela autoridade monetária inglesa são pouco comuns, revelando dificuldade de entender o cenário macroeconômico atual. As revisões positivas no PIB divulgadas em relatório após a reunião de Comitê são as maiores já observadas desde 1997.
Andrew Bailey, presidente do BoE, afirmou em entrevista coletiva após a decisão de Comitê que acredita numa queda da inflação a partir do mês de abril. A expectativa é que ocorra uma desaceleração da inflação para cerca de 5% até o final deste ano. Entretanto, Bailey chamou atenção para as pressões salariais ainda muito fortes e núcleo de inflação acima das projeções.
Os dados de inflação no terceiro trimestre deste ano serão importantes para confirmar (ou não) a tendência de desaceleração da inflação em direção à meta de longo prazo a ser alcançada pelo Banco Central.
Na zona do euro, as expectativas de inflação para um cenário de 12 meses à frente são consideradas desafiadoras. A última pesquisa levantada pelo BCE, divulgada nesta última quinta-feira, revelou que as expectativas de mercado subiram de 4,6% para 5%.
Nos Estados Unidos, segue o impasse entre republicanos e democratas para elevação do teto da dívida. O presidente norte-americano, Joe Biden, ainda tenta resistir à pressão de não negociar cortes de gastos para aprovação do limite de endividamento no Congresso.
Janet Yellen, secretária do Tesouro dos Estados Unidos, voltou afirmar que se o país deixar de cumprir com suas obrigações nos títulos da dívida pública haverá uma catástrofe econômica e financeira. Yellen também segue defendendo elevação do teto da dívida no Congresso sem contrapartidas fiscais neste momento, com objetivo de evitar uma crise.
Por outro lado, não existe demonstração de vontade por parte dos democratas para avançar numa necessária agenda de controle de gastos. A dívida dos Estados Unidos ultrapassou impressionantes 130% PIB neste ano. Por este motivo, os republicanos, que possuem maioria na Câmara, estão exigindo negociação para corte de gastos neste momento, por conta da janela de oportunidade criada pelo alcance do teto da dívida.