O BCE (Banco Central Europeu) decidiu nesta última quinta-feira elevar as principais taxas básicas de juros na zona do euro em 25 pontos-base, confirmando as expectativas do mercado.
A taxa de refinanciamento subiu de 3,50% para 3,75% ao ano. A taxa de depósitos subiu de 3% para 3,25% ao ano e a taxa de empréstimos subiu de 3,75% para 4% ao ano. O ritmo de alta foi mais moderado comparado à reunião anterior, onde as taxas subiram 50 pontos-base.
Diferentemente do comunicado do FED que sinalizou uma pausa no processo de aperto monetário, o BCE optou por manter uma abordagem mais hawkish, alertando que ainda há um longo caminho a percorrer para conseguir controlar a inflação.
Em entrevista concedida após a reunião de Comitê, Christine Lagarde, presidente do BCE, disse que não haverá pausa no processo de aperto monetário. Desta forma, está praticamente cravado uma nova elevação de 25 pontos-base na próxima reunião.
A preocupação maior do BCE com o cenário é justificada pela retomada no processo de aceleração da inflação. A Eurostat (Agência Europeia de Estatística) informou recentemente que a inflação acelerou na passagem do mês de março para abril, alcançando 7% no acumulado dos últimos 12 meses.
Além da piora nos dados, existe um espaço significativo até alcançar a meta de inflação de 2% a ser perseguida pelo BCE. As perspectivas de inflação também continuam muito elevadas, o que dificulta ainda mais o processo de ancoragem.
Os planos para desalavancagem do balanço da autoridade monetária também seguem inalterados. Lagarde confirmou que a redução do balanço seguirá em ritmo previsível e mensurável. Os reinvestimentos no programa APP (compra de ativos do BCE) terminará no mês de julho.
Lagarde também ressaltou que será necessário monitorar o mercado de crédito, em função das renovadas tensões nos mercados financeiros. Após a liquidação do First Republic Bank neste último domingo, dando sequência a crise bancária iniciada no mês de março com a rápida falência do Silicon Valley Bank e Signature Bank, mais outro banco norte-americano entrou em cenário de alerta máximo.
O preço das ações do PacWest está derretendo na bolsa de valores de Nova York. Momentos antes de estourar a crise bancária, as ações eram negociadas a cerca de 28 dólares. Nesta última quinta-feira, o preço de fechamento no pregão atingiu 3,17 dólares.
Após o forte tombo de 28 dólares para cerca de 12 dólares no mês de março, o papel estava conseguindo ao menos se estabilizar na região dos 12 dólares, em movimento lateralizado.
Entretanto, nesta semana houve nova rodada de forte pressão vendedora, jogando a ação da região de 12 dólares para cerca de apenas 3 dólares. Caso semelhante de deslocamento de preços observado no First Republic Bank.
PacWest também é um banco de médio porte de certa relevância ao sistema financeiro norte-americano, possui cerca de 41 bilhões de dólares conforme últimos dados divulgados. A aquisição do First Republic Bank pelo JP Morgan, evitando uma falência desordenada, não foi suficiente para alcançar o mercado.
Os investidores continuam nervosos, movendo os seus alvos de um banco para o outro, aumentando a desconfiança sobre os demais bancos de médio porte. As ações de outro banco, o Western Alliance, despencaram cerca de 40% nesta última quinta-feira.