Membros do Fomc decidiram de forma unânime nesta última quarta-feira elevar novamente a FFR em 0,25 ponto percentual, para o intervalo de 5% a 5,25% ao ano, confirmando as projeções da própria instituição divulgadas meses atrás.
O processo de elevações na taxa básica de juros começou em março de 2022. Esta foi a décima alta consecutiva. Após este longo processo de aperto, a autoridade monetária norte-americana sinaliza agora intenção de realizar uma pausa para avaliar os resultados nos próximos meses, antes de tomar novas decisões relevantes.
Esta mudança para monitoramento dos dados macroeconômicos ficou clara no comunicado do FED divulgado após a decisão. Nas últimas reuniões, o Banco Central dos Estados Unidos antecipava nos comunicados que novas elevações na FFR seriam necessárias. Este trecho foi retirado do comunicado e agora o Banco Central ressalta apenas que vai observar.
A pausa do FED é mais do que justificada por conta do agravamento do quadro interno. Republicanos e democratas ainda não chegaram a um acordo para aumentar o endividamento do governo dos Estados Unidos. Além disso, a liquidação do First Republic Bank agravou a crise bancária no país, com possível impacto restritivo no mercado de crédito, afetando empresas e famílias.
O chair Jerome Powell confirmou na conferência de imprensa realizada após a reunião do Fomc que a mudança de comunicado é relevante e pode abrir espaço para uma pausa nos aumentos da taxa básica de juros.
Por outro lado, a autoridade monetária segue chamando atenção para inflação elevada, alinhado ao mercado de trabalho robusto. Powell avisou que é muito cedo para confirmar que o ciclo de aperto monetário chegou de fato ao fim. Inclusive existe a possibilidade de o FED voltar a subir a taxa básica de juros, caso seja necessário.
A avaliação em Wall Street continua exageradamente dovish, precificando um cenário diferente da autoridade monetária. O simples fato de decidir pausar as elevações na FFR levou o mercado a derrubar ainda mais as taxas de juros futuros.
A Treasury de 10 anos fechou o pregão desta última quarta-feira pagando apenas 3,38% ao ano, cerca de 2 largos pontos percentuais abaixo da FFR. O Banco Central continua avisando que não enxerga cenário para cortes na FFR tão cedo, por outro lado o mercado segue otimista para um cenário flexível iniciando em breve na economia norte-americana.
Uma eventual rigidez do FED, mantendo a FFR elevada no intervalo atual de 5% a 5,25% durante todo o resto deste ano, pode causar efeito de frustração em Wall Street. É possível imaginar o mercado tentando manter um clima otimista pró-flexibilidade em períodos curtos, utilizando outros argumentos, como as falências dos bancos, para justificar a necessidade de uma abordagem mais dovish.
Entretanto, na medida em que a inflação continuar se mostrando persistentemente elevada e acima da meta de 2%, vai reduzindo as chances de o FED virar para uma rota dovish como o mercado deseja.
Membros do Fomc ressaltaram no comunicado que vão observar principalmente os efeitos de suas decisões tomadas até este momento, bem como o prazo em que os impactos da política monetária mais restritiva chegarão na economia real, juntamente com a evolução econômica e financeira.
O nível atual da FFR, entre 5% a 5,25%, é considerado restritivo. Isso significa que o Banco Central enxerga que a taxa básica de juros, neste momento, já impede que a atividade econômica superaqueça.
Apesar do nível considerado restritivo, o chair do FED afirmou que a possibilidade de se evitar uma recessão é mais provável que a possibilidade de ocorrer uma recessão. Apesar dos constantes alarmes de Wall Street nos últimos anos, a economia americana ainda não entrou em quadro recessivo.
No primeiro trimestre deste ano, o ritmo de crescimento foi de 0,3% em comparação com o quarto trimestre de 2022. Na base anualizada, o PIB do primeiro trimestre de 2023 rodou a um ritmo de 1,1%