A FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation), instituição norte-americana equivalente ao FGC brasileiro, juntamente com o FED e o Departamento do Tesouro, teve de tomar posse do First Republic Bank nesta última segunda-feira.
A instituição financeira estava em situação extremamente complicada até semana passada. Houve uma tentativa final de os executivos arquitetarem um plano de resgate, bem como negociações intermediadas pelas autoridades americanas para aporte emergencial ou compra de ativos do First Republic Bank.
Em Wall Street, circulam boatos de que seis bancos foram sondados para adquirir o First Republic Bank na semana passada. Entretanto, a única proposta que a FDIC achou mais viável veio do JP Morgan.
A partir de agora, o First Republic Bank será responsabilidade do JP Morgan, que firmou compromisso de garantir todos os depósitos dos correntistas. A FDIC receberá 10,6 bilhões de dólares do JP Morgan, referente à operação de compra. Entretanto, a FDIC teve de aceitar a condição do JP Morgan para compartilhamento de perdas, tanto em empréstimos de pessoas físicas, quanto de pessoas jurídicas.
Embora com custos difíceis de estimar, esta foi a melhor forma de a FDIC conseguir concluir o processo de falência ordenada do First Republic Bank. Diferentemente do Silicon Valley Bank e Signature Bank, onde as falências ocorreram de forma rápida, não abrindo janela de tempo suficiente para negociação com outros bancos de grande porte.
O First Republic é considerado relevante ao sistema financeiro norte-americano, com 229,1 bilhões de dólares em ativos totais e 103,9 bilhões de dólares em depósitos. O banco possui 84 agências espalhadas por oito estados americanos, que agora serão incorporadas pela bandeira JP Morgan Chase Bank.
Uma das principais preocupações do FED e FDIC neste momento está na garantia dos depósitos de correntistas, mesmo quando ultrapassam o limite de cobertura de 250 mil dólares conforme regra atual.
A FIDC enxerga ser extremamente importante garantir qualquer valor de depósito para evitar uma crise bancária maior no sistema financeiro. O objetivo é frear a fuga de investidores de bancos médios para bancos gigantes too big to fail, onde a sensação de segurança é maior.
O JP Morgan confirmou que vai garantir todos os depósitos do First Republic Bank, inclusive os que não estão assegurados (valor superior a cobertura teto de 250 mil dólares). Com esta transação, excluindo bancos de investimento, a quebra do First Republic é considerada a segunda maior da história, ficando atrás apenas do Washington Mutual, na crise do subprime em 2008.
Na segmentação de bancos de investimento, o Lehman Brothers continua no topo da lista de maiores falências. Já o JP Morgan continua se expandindo ainda mais, aumentando sua força sobre o sistema financeiro. Antes de adquirir o First Republic Bank, o JP Morgan já era considerado o maior banco dos Estados Unidos. Com esta operação, o JP amplia sua força não somente dentro dos Estados Unidos, mas também do mundo.
Paralelo a liquidação do First Republic Bank, a FDIC divulgou ao mercado uma lista de reformas nas regras sobre os seguros que protegem os depósitos dos norte-americanos. As quebras do Silicon Valley Bank, Signature Bank e First Republic Bank revelaram a grande necessidade de cobrir a totalidade dos depósitos de correntistas dos bancos e não somente restituir dentro do valor máximo de 250 mil dólares por cada cidadão.
Esta é a principal barreira encontrada pelas autoridades norte-americanas para evitar uma contaminação maior da crise no sistema financeiro. Desta forma, as autoridades tentam acalmar os investidores para manter suas posições em seus respectivos bancos.
É também uma forma forma de ajudar os bancos, para não serem forçados a realizar vendas de ativos que seriam marcados desfavoravelmente a mercado neste momento, para cobrir os saques de seus correntistas. A manutenção dos depósitos permite que os bancos continuem marcando os ativos a preço de aquisição na curva. Embora não seja a melhor forma de resolver o problema, é a única solução encontrada até o momento para evitar um estouro maior no sistema.