O Comitê de Orçamento do Congresso dos Estados Unidos estabeleceu o dia em que o país será incapaz de honrar seus compromissos financeiros por dados fornecidos pelo Departamento do Tesouro.
A data X foi estabelecida em 15 de junho deste ano. Isso significa que os republicanos e democratas precisam fechar um acordo para elevação do teto do endividamento dos Estados Unidos até o dia 15 do próximo mês.
Restando apenas 30 dias para o país chegar na data X, as pressões aumentam significativamente sobre o presidente Joe Biden, já que se mostrou incapaz de avançar nas negociações com os republicanos até o presente momento.
Kevin McCarty, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, de maioria republicana, afirmou nesta última segunda-feira que as negociações entre seu partido e os democratas continuam travadas, sem avanço. McCarty inclusive acusou o presidente Joe Biden de não levar o assunto a sério.
Os democratas continuam exigindo aumento do limite de endividamento do governo federal sem nenhuma contrapartida fiscal. A dívida dos Estados Unidos está crescendo de forma acentuada nos últimos anos, ultrapassando recentemente a barreira de 130% PIB. Mesmo assim, o presidente Joe Biden e seus aliados continuam não enxergando nenhuma necessidade de corte de gastos, exigindo que o limite de endividamento seja aprovado pelo Congresso até a data X.
Importante ressaltar que não basta chegar a um acordo entre ambas as partes. O processo precisa passar por maioria de votos tanto na Câmara, quanto no Senado, o que pode exigir uma janela de semanas até chegar à Casa Branca para ser sancionado pelo presidente.
O líder da maioria republicana McCarthy se reuniu com Joe Biden e outras lideranças políticas na última terça-feira do dia 09 de maio. Não houve progresso nas negociações e uma nova reunião, que estava prevista para acontecer na sexta-feira passada, foi cancelada. A expectativa agora é de que a nova reunião, agendada para terça-feira do dia 16 de maio, consiga revelar algum avanço para elevação do endividamento dos Estados Unidos.
A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, realizou um novo alerta para o Congresso nesta última segunda-feira, avisando que o país poderia entrar em default já no dia 1 de junho. Entre os principais impactos de curto prazo, caso a elevação do endividamento não seja aprovada pelo Congresso, Yellen ressaltou que os Estados Unidos não teriam condições de realizar o pagamento de funcionários e nem sobre os juros da dívida pública, o que poderia levar a uma disparada das taxas futuras, provocando consequências inestimáveis ao mercado.
Em Wall Street, o clima segue positivo, sem demonstrar muita preocupação com um eventual default do governo norte-americano. O índice S&P500 segue oscilando na região dos 4.100 pontos, próximo da máxima registrada em 2023 aos 4.200 pontos.
As taxas de juros futuros seguem comportadas, oscilando em torno de 3,50% ao ano na principal referência do mercado, Treausy de 10 anos. A Treasury curta, de 2 anos, mais sensível aos impactos de curto prazo, está sendo negociada em torno de 4% ao ano, ainda assim razoavelmente abaixo da FFR.
Caso o mercado estivesse com receio sobre potencial default na dívida do governo norte-americano, a taxa da Treausy de 10 anos estaria muito acima do nível observado atualmente. Portanto, o mercado entende que os alertas de Yellen são direcionados mais para fazer pressão para que o Congresso aprove rapidamente a elevação do endividamento sem contrapartidas fiscais, do que de fato risco aparente de calote.
No passado, na gestão Obama, houve caso semelhante, de grande impasse entre republicanos e democratas para elevação do limite de endividamento. A data X inclusive foi ultrapassada, forçando atraso de salários e fechamento de alguns órgãos não essenciais do governo norte-americano. O impasse não durou muito tempo após a data X e foi resolvido logo na sequência entre as lideranças políticas.