No mês passado, autoridades norte-americanas realizaram a ponte entre o First Republic Bank juntamente com os maiores bancos do país, para fechar uma operação de aporte relevante, buscando salvar o banco que estava em situação de quase insolvência na época.
JP Morgan, Bank of America, Citigroup, Goldman Sachs, Well Fargo, Bank of New York Mellon e Morgan Stanley estão entre os bancos que aceitaram fazer o aporte emergencial no Firts Republic Bank. No total, foram 30 bilhões de dólares injetados no caixa da instituição.
A operação ajudou a acalmar os ânimos do mercado na época, já que uma nova falência poderia acelerar o efeito dominó no sistema financeiro norte-americano, já que o resgate do First Republic Bank ocorreu logo após a rápida destruição do Silicon Valley Bank e Signature Bank.
Diferentemente do foco em operações com empresas de tecnologia e/ou startups, do Silicon Valley Bank, o First Republic é uma instituição especializada em private banking e gestão de patrimônio.
As startups e empresas de tecnologia estão sendo pressionadas desde o início do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos. Para o mercado, pode ser compreensível incorporar a falência do Silicon Valley Bank por conta do cenário bastante desafiador a estas empresas, muito sensíveis ao custo de capital.
Por outro lado, a falência de um banco voltado a um nicho consistente e mais reputacional, como private banking e gestão de patrimônio, poderia enviar uma mensagem perigosa ao mercado de contaminação no sistema financeiro e queda de confiança nas instituições. Talvez por este motivo, o FED optou por não intervir no First Republic, para evitar criar mais alarmes no mercado, sendo mais interessante solicitar apoio (aportes) de Wall Street para salvar a instituição.
Após anunciada a operação de aporte de 30 bilhões por diversos bancos privados norte-americanos, as ações do First Republic Bank passaram a operar de forma estável, em torno de 15 dólares. Ainda assim, o ativo não esboçou reação de recuperação relevante, mesmo com bastante dinheiro novo em caixa, o que denunciava uma situação ainda bastante delicada. Em fevereiro deste ano, cerca de 1 mês antes de estourar a crise no First Republic Bank, as ações chegaram a ser negociadas aos 147,00 dólares.
Nesta última terça-feira, a situação voltou a ficar bastante complicada ao First Republic. Em um único dia, as ações despencaram mais de 50%. Nesta terça-feira o ativo continua cedendo, com perda superior a 20%.
Circulam boatos em Wall Street que o First Republic Bank já não consegue mais pagar a sua dívida. Caso o banco tenha que vender seus ativos imediatamente, será necessário realizar a marcação a mercado, embutindo perdas relevantes por conta da elevação das taxas de juros futuros nos últimos anos.
Relatos indicam que autoridades estão tentando convencer outros bancos comerciais a comprar os ativos do First Republic Bank fora do preço de mercado, para que não ocorra uma marcação de prejuízo. Entretanto, o banco comprador destes ativos teria de arcar com a desvantagem de comprar por um preço acima do praticado pelo mercado.
Esta alternativa de compra deve soar absurda num primeiro momento para os principais bancos de Wall Street. O problema é que 11 bancos realizaram o aporte de 30 bilhões no First Republic Bank mês passado. Portanto, caso o First Republic venha a falir, estes bancos perderão os aportes realizados pouco tempo atrás.
A queda recente das ações pode sinalizar grande impasse entre os principais banqueiros de Wall Street para realizar novos aportes no First Republic Bank.