A economia do gigante asiático voltou a demonstrar sinais de perda de fôlego neste mês de março. Após um aumento razoável na produção registrada em fevereiro, puxado pelo aumento de novos pedidos, as fábricas chinesas voltaram a perder ritmo neste último mês.
O importante indicador PMI, feito pela S&P Global, mostrou queda da atividade industrial de 51,6 pontos em fevereiro para a neutralidade de 50 pontos em março. Por muito pouco não chegou a entrar no terreno de retração (inferior a 50 pontos).
A perda de ritmo se deve basicamente pela abordagem mais cautelosa por parte dos empresários, temendo uma queda da demanda interna. Um dos poucos pontos positivos detectados pela pesquisa do PMI neste mês de março está na estabilização dos preços dos insumos, que estavam subindo nos últimos cinco meses.
Embora o nível de confiança empresarial siga elevado, pesa no cenário de médio prazo a meta de crescimento mais modesta a ser alcançada pelo governo chinês neste ano, de “apenas” 5%. A meta de crescimento em 2022 era de 5,5%, que por sinal foi mais baixa comparada aos anos anteriores. A meta atual de PIB em 5% é considerada a mais baixa das últimas três décadas.
A meta de crescimento é importante na China, pois se torna a principal base dos trabalhos do governo para frentes importantes, como o investimentos por exemplo. Com um alvo mais baixo a ser perseguido, os investimentos tendem a ser levemente reduzidos. A economia do gigante asiático ainda continua fortemente dependente dos investimentos do Estado, principalmente no setor de infraestrutura.
A China tem atuado nos últimos anos para aumentar ainda mais o seu controle sobre a economia. A repressão a algumas empresas da iniciativa privada, por exemplo, contribui para a desaceleração do PIB observada nos últimos anos. Além disso, o setor imobiliário passa por uma crise considerada grave, ainda com impactos difíceis de serem mensuráveis, até porque as informações de contaminação após a surpresa com o caso da Evergrande são escassas.
O governo continua focado no seu plano de reduzir a dívida pública e aumentar o consumo interno, de forma a reduzir sua dependência com o exterior. A recente aproximação com a Rússia pode inclusive acelerar o processo de distanciamento do mundo ocidental dos negócios chineses.
Outras economias relevantes na Ásia também reportaram atividade industrial mais fraca neste mês de março. No Japão, o PMI saiu de 47,7 pontos em fevereiro para 49,2 pontos neste mês de março, registrando mais um mês de contração no setor manufatureiro.
Na Coréia do Sul, o PMI mergulhou de 48,5 pontos em fevereiro, já em terreno de contração, para 47,6 pontos neste último mês. Empresários locais relataram fraqueza na demanda global e aceleração nos preços dos insumos, prejudicando sensivelmente os negócios neste mês de março.
Na Indonésia, a atividade industrial permaneceu em ritmo estável, oscilando de 51,2 pontos em fevereiro para 51,9 pontos no mês de março. Na Tailândia, a atividade manufatureira continua se expandindo a ritmo acelerado. O PMI de março fechou aos 53,1 pontos. Apesar do bom ritmo de crescimento, foi menor comparado ao mês de fevereiro quando alcançou 54,8 pontos.