A Petrobras anunciou nesta última terça-feira o fim da sua política de preços relacionada às cotações internacionais do barril de petróleo e diesel. A subordinação obrigatória ao preço de paridade de importação dos combustíveis era um dos alvos de campanha do presidente Lula, que havia prometido melhores condições de preços aos consumidores brasileiros.
Logo quando assumiu seu mandato, Lula designou o ex-senador Jean Paul Prates para assumir a presidência da Petrobras. Prates é uma pessoa de confiança e próxima do presidente da República, no qual compartilha ideias semelhantes de política e economia.
A nova política de preços da Petrobras vai considerar o custo alternativo ao cliente, considerando as opções de suprimento, bem como o valor marginal da companhia (calculado sobre o custo de oportunidade em diversos cenários de produção, importação e exportação).
Além disso, os reajustes de preços serão realizados de forma esporádica, sem periodicidade previamente definida. Desta forma, a companhia pretende evitar repasse para os preços internos da volatilidade do barril de petróleo e da taxa de câmbio.
A Petrobras adiantou que a partir de agora vai ter mais flexibilidade para praticar preços dos combustíveis no mercado interno, porém mantendo a competitividade a ponto de disputar mercado com outros distribuidores ou importadores.
A nova regra para precificação de preços ainda não está clara ao mercado. A regra antiga, de paridade de preços internacional, era mais lógica e fácil de entender. Com a nova política de preços, os reajustes irão ocorrer sem data definida e os fundamentos para precificação de preço ficaram mais complexos.
Logo após o anúncio da nova regra de precificação de preços dos combustíveis, Prates avisou que a Petrobras vai reduzir em R$ 0,40 por litro o preço médio da gasolina vendida para as distribuidoras, de R$ 3,18 para R$ 2,78. O preço médio do diesel vai cair R$ 0,44 por litro, de R$ 3,46 para R$ 3,02. Os preços do GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), muito utilizado como gás de cozinha, sofrerá uma queda de R$ 0,69 por quilo.
A medida deverá gerar impacto imediato sobre a inflação, provocando menor pressão sobre os preços, direta ou indiretamente influenciados pelos combustíveis. As estimativas para o IPCA de 2023 tendem a recuar nas próximas projeções de bancos, gestores de recursos e economistas, refletindo os cortes nos preços dos combustíveis.
O grau de desinflação deverá ser monitorado de perto nos próximos meses, o que pode aumentar a pressão para que o Banco Central comece o ciclo de afrouxamento monetário já no segundo semestre deste ano.
A desconfiança do mercado sobre a futura situação financeira da Petrobras ainda é considerada alta, provocando volatilidade intensa das ações negociadas em bolsa. No mercado de petróleo, o Brent, referência global, segue lateralizado na região de 75,00 dólares por barril.
O barril do tipo Brent cedeu fortemente durante a crise do coronavírus em 2020, refletindo a sequência de lockdowns no mundo inteiro. A cotação chegou abaixo dos 25,00 dólares por barril no pior momento da pandemia.
Na medida em que as economias foram reabrindo, o barril do Brent foi se recuperando gradualmente, retornando para a região entre 70,00 a 80,00 dólares, patamar mais comum de preços observado nos últimos anos.
O início da invasão da Rússia na Ucrânia provocou uma disparada de curto prazo do petróleo, ultrapassando a região de 120,00 dólares por barril. Entretanto, nos últimos meses, o preço da commodity vem cedendo, retornando ao patamar de costume.
Uma das maiores dificuldades do mercado é entender como será a precificação de preços da Petrobras em cenário de alta do dólar contra real ou mesmo nova elevação do barril de petróleo no mercado internacional. A princípio, especula-se que os preços seriam amortecidos pela Petrobras nestes cenários adversos para câmbio ou elevação do preço do barril de petróleo.